quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O Ladrão da Tempestade



Título: O Ladrão da Tempestade
Autor: Chris Wooding
Editora: Editorial Presença,
Colecção Via Láctea, nº 70, Fevereiro de 2009
Tradução: Miguel Romeira

Aviso:
A união de várias frases e pistas são suficiente para nos deixar bastante enojados com a possibilidade de a humanidade ser de facto capaz de executar tal visão. E estou a falar de náuseas.
Em relação à comida…
Como ver o Sweeney Todd e olhar de lado para empadas durante uma semana.

A cidade-ilha de Orokos foi criada sob a bandeira de a utopia justifica os meios.
O Protectorado criou a cidade com o objectivo de produzir uma sociedade perfeita. Considerando o tema deste mês escusado será dizer que falharam miseravelmente. A tecnologia que suporta a cidade falhou, criando as Tempestades de Probabilidade, um fenómeno que consegue distorcer a própria realidade, criando aberrações e caos. Mas as tempestades são apenas um sinal de falha técnica. Todo o livro poderia ser apenas um cenário pós-apocalíptico se a Tempestade fosse o único problema com que o mundo/cidade se depara.

O que cria a distopia é todo o sistema de Orokos:
·         O governo totalitário encimado por um homem sem rosto cuja propaganda proclama imortal;
·         Onde nem mesmo as classes sociais elevadas (geralmente imunes ou a origem de todo o problema na maior parte das ficções distópicas) conseguem manter a sua liberdade perante o Protectorado. A cada ano que passa perdem mais terreno, direitos e privilégios; E as tempestades não poupam ninguém;
·         Os níveis inferiores são favelas onde os seus habitantes são tatuados como animais para facilmente serem identificados como criminoso (desde nascença);
·         É-lhes negada qualquer possibilidade de ter emprego ou conseguir ascender socialmente pelo que realmente não têm outra hipótese a não ser tornar-se criminosos;
·         Qualquer habitante das favelas pode ser levado quando os guardas assim o acham para simplesmente desaparecerem; (e o que lhes acontece… bleh. Mas é para o bem da cidade. O protectorado cuida até dos seus criminosos.)
·         As aberrações criadas pelas tempestades e a própria tempestade não poupam ninguém. Por outro lado a propaganda mostra “O Ladrão da Tempestade” como uma forma de controlo criada pelo Protectorado; As aberrações são empurradas para as favelas onde quem morre não tem interesse;
·         E para aqueles que tentam fugir há sentinelas, robots armados com serras, que matam sem questão qualquer um que tente aventurar-se pelo mar, para lá das fronteiras, para um mundo que ninguém sabe se existe. O Protectorado diz que não. Não há nada para além de Orokos e mar.


Tudo o que o Protectorado faz é para vosso bem.

Rail e Moa, dois adolescentes das favelas empregados por uma das líderes de gangues da sua área encontram um artefacto da era antes de Orokos e um golem (robot de natureza mágica/cientifica arquitectado para ser o soldado perfeito) que possui um pássaro morto, que se perdeu e alcançou a cidade, morto pelas sentinelas, uma prova de que existe realmente algo para lá do mar. E Moa decide que tem de haver algo para lá da cidade, daquela vida, arrastando Rail na sua busca por liberdade.
A história revolve dos que tentam escapar, perseguidos por causa do artefacto, uma vez que a presença dos robots nas fronteiras mantêm uma atitude de indiferença para com aqueles que tentam sair (tradução: menos bocas para alimentar), e do Protectorado que luta por manter a ordem na cidade cada vez mais quebrada e caótica.

Há um facto interessante acerca desta distopia.
Quando a história decorre ninguém acredita que seja uma utopia, nem mesmo o Protectorado que preserva os valores que fundaram Orokos e os mantem a todo o custo. Na sua perspectiva é apenas a única maneira de sobreviver e, quem sabe, assim que conseguirem eliminar as tempestades e as ratazanas nos níveis inferiores talvez se consiga finalmente tornar aquilo que era suposto.

Sabine

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