quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Lady Almina e a Verdadeira Downtown Abbey

Título Original: Lady Almina And The Real Downton Abbey
 
          Autor: Condessa de Carnarvon

Editora: Editorial Presença

Páginas:  264
 
 
 Nesta obra é-nos relatada a história do Castelo de Highclere, que inspirou a serie televisiva Downtown Abbey, e dos seus habitantes. Lady Almina foi a quinta condessa de Carnarvon, que era conhecida pelas suas festas magnifícas e pela sua elegancia e inteligência. É descrita algumas das actividades rotineiras vividas  no castelo até ao momento que tudo muda para esta família e para o mundo ocidental, aquando se dá a Primeira Guerra Mundial. Nesse momento Lady Almina decide ajudar quem mais precisa transformando o catselo num posto de enfermagem e numa espécie de centro de reabilitação para militares ingleses. 
Através do relato escrito pela actual condessa de Carnarvon, Lady Fiona, descobrimos que o legado histórico de Highclere tem uma vasta história que é agora relatada na série televisiva de Downtown Abbey.

Deixo-vos o trailer da série:




Winter

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Debaixo de Algum Céu

Título: Debaixo de Algum Céu
Autor: Nuno Camarneiro
Editora: LeYa - Maria do Rosário Pedreira (Março de 2013)
Páginas: 200

A vida é uma vertigem que passa num piscar de olhos. Apercebemo-nos dela nos intervalos em que não a pensamos, nos instantes que vamos roubando à monotonia, quando olhamos em redor e o tecido anódino que nos rodeia ganha contornos. Ela acontece, pura e simplesmente; tocamos e somos tocados, vamos vivendo e fazemos os outros viverem: de perto não somos mais do que um tímido sopro, mas de longe podemos fazer parte da mais grandiosa tempestade. «Os cães da praia medem os homens pelas sombras que deitam, e notam que a sombra de um homem só em parte se deve ao seu tamanho. O resto é da luz que lhes chega, e há homens sem luz, outros que a perdem e uns poucos que a acrescentam.»

Debaixo de Algum Céu é um livro que respira, cheio de vida, feito de gente; de mim, de ti, daquele que vemos ali no café da esquina, da mulher que apanha o autocarro na nossa paragem, da criança que chora a caminho do primeiro dia de aulas. Conta-nos a história da vida dos inquilinos de um prédio à beira-mar durante os últimos sete dias de um ano e, como logo no início nos assegura o autor: «é uma história de portas adentro.» As suas vidas cruzam-se, criam-se e entrelaçam-se, a solidão é partilhada, sonhos são desenhados, mortes são choradas, reencontros inesperados mudam o rumo do destino, crenças desiludem-se, verdades são desveladas e evidências ficam iluminadas pelo estranho clarão das trevas. Quando a coragem da afirmação entra em cena, o extraordinário pisa a mesma terra que o banal.
Nestas páginas encontramos gente, personagens vivas que tornam aquele prédio num ser que respira, numa força imperativa que tece o entrelaçar daqueles dias. Conhecemos o jovem padre Daniel, que vislumbra a dúvida da crença; a família de Bernardino e Manuela, com uma filha mais velha que não quer esperar para crescer e um menino que desenha um mundo nas paredes que o cercam; Adriano e Constança, um casal com uma bebé perdido um do outro; Margarida, viúva de um holandês do qual continua sem perceber a língua; Marco Moço, o salvador do prédio; David, um informático subversivo que diz criar gente para uma empresa do futuro, mas que arquitecta um poderoso exército que respira literatura; e a casa vazia no último andar, cuja solidão é sempre presente. Todas estas vidas se tocam, entrelaçando-se entre si com a loucura necessária que permeia todas as relações. Quando e onde o espaço e o tempo se encontram a vida acontece, brotando das mais simples conexões: ela está aí.

K. Dalloway


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A Ilha das Três Irmãs

Ok, processem-me se quiserem. Podem vomitar à vontade, podem dar todas as gargalhadas que acharem ser necessárias, mas a verdade é que eu sou uma romântica incurável. Sinceramente, qual é a mulher que não gosta de ser arrebatada por uma onda de paixão e emoção pelo seu príncipe encantado? Se fosse comigo, já me teria tornado numa poça gelatinosa e suspirante.
Mas antes que as leitoras ávidas de Nora Roberts comecem a erguer os sobrolhos, deixem-me acabar: isto não é o que aconteceu a Nell Channing. Por razões pessoais, mais a ver com a sua própria segurança e sobrevivência no seu casamento - oh, vá lá, acho que por aqui já toda a gente percebeu que o marido abusava - Nell deixa a sua casa e vida para trás e vai parar à ilha das três irmãs, onde não só descobre como recomeçar a sua vida com novas amigas e um novo amor, mas também que tem um potencial inerente e mágico do qual nem ela estava consciente até então.
A Ilha das Três Irmãs conta-nos o início de uma história de desenvolvimento e evolução pessoal e espiritual partilhada pelas três mulheres que se conhecem desde tempos imemoráveis e cujas vidas sempre estiveram ligadas, mas que só se viram pela primeira vez no momento em que Nell chega à ilha. E as pequenas pitadas de conhecimento leigo de Wicca são o sal que lhe dá mais sabor ainda. Iniciado pel' A Ilha das Três Irmãs, esta é uma trilogia a não perder.

                                                                                              Austen

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Magos e Demónios. Perdão. Djinni.



Título: O Amuleto de Samarcanda
                        A Trilogia Bartimaeus, Livro I
Autor: Jonathan Strauss
Editora: Presença
                        Colecção Via Láctea, nº 18, Abril 2004;
Tradução: Maria Georgina Segurado

Aviso:
Demónios, sarcasmo e realidade alternativa;


Londres, realidade alternativa, um mundo de magia dominado pela elite denominada Magos e suportado à custa de escravos a que eles chamam demónios. Na verdade são Djinni e insistem na designação com veemência. Não que alguém os ouça.
O livro começa com a invocação de Bartimaeus, coisa com a qual ele não se sente muito feliz e expressá-lo-á a cada momento em que esteja consciente. Eloquentemente, verbosamente, constantemente. Na página, na narrativa, em apartes e nas notas de rodapé.
Forçado pela invocação a servir um jovem mago em busca de vingança desencadeia, acidentalmente e sem malícia da parte dele se confiarmos nas suas palavras, algo que seriamos sábios em não fazer uma vez que Bartimaeus tem tendência para se fazer de inocente, exagerar e mentir com quantos dentes consegue criar numa ilusão, uma série de eventos que ameaçam destruir a ordem predeterminada e ao seu mestre. Coisa com que ele não se importaria se a sua pele não estivesse também em perigo. Ele lutará por si e pelo seu jovem mestre. E queixar-se-á durante todo o processo.
A série é interessante, cheia de humor e crítica político-social com referências históricas e mitológicas que se envolvem num mundo familiar e ao mesmo tempo díspar. Foi também um dos primeiros livros que realmente me fez rir em voz alta e na minha biblioteca tornou-se um marco do que é bem escrito e extremamente hilariante.


Sabine

Livros da Série
O Amuleto de Samarcanda
O Olho de Golem
O Portão de Ptolomeu

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Les bourgeois


Hoje resolvi começar com Brell. Porquê? Porque vamos falar de burguesia, não a francesa, mas a italiana. A amorfa, indolente, superficial burguesia italiana nos anos de Mussolini, retratada com a precisão de um bisturi pelas mãos de um mestre do romance europeu.






Alberto Moravia, Os Indiferentes, Lisboa, Livros do Brasil, 2002
(ed. orig.: Gli Indifferenti, 1929)








Moravia conduz-nos pela mão para dentro de casa. Não batemos à porta, apenas observamos, durante sensivelmente 48 horas, o quotidiano de uma família "indiferente", incapaz de agir perante a tragédia anunciada.
Apresentemos os cinco vértices da trama:
Mariagrazia, a matriarca: "A mãe aproximou-se; não mudara de vestido mas penteara-se, e tinha-se empoado e pintado abundantemente; adiantou-se, da porta, no seu passo pouco firme, e, na sombra, a cara imóvel, de traços indecisos e de cores vivas, parecia uma máscara estúpida e patética."
Carla, a filha: "[...] trazia um vestidinho de fazenda castanha, de saia tão curta que bastou o movimento de fechar a porta para a fazer subir um bom palmo acima das frouxas dobras que as meias lhe faziam em redor das pernas; mas ela não deu por isso e adiantou-se com precaução, olhando misteriosamente em frente, preguiçosa e incerta [...]"
Michele, o filho: "O nosso Michele!... Anda cá, Michele... há tanto tempo que não nos vemos. - Há dois dias - disse o rapaz, olhando-o fixamente; esforçava-se por parecer frio e vibrante, embora não se sentisse senão indiferente; desejaria acrescentar: «e quanto menos nos virmos, melhor é», ou algo semelhante, mas não teve prontidão nem sinceridade para isso."
Leo, o amante: "[...] meus caros, faço questão de afirmar que tudo me corre bem, ou melhor, optimamente, e que estou contentíssimo e satisfeitíssimo, e que, se tivesse de renascer, não quereria renascer senão como sou e com o meu nome: Leo Merumeci."
Lisa, a amiga: "A porta abriu-se de todo e Lisa entrou: um casaco de abafar azulado envolvia o seu corpo gordo e chegava quase até aos pés minúsculos; a cabeça, com um chapelinho cilíndrico, azul e prata, parecia ainda mais pequena sobre os ombros cheios, que a roupa de Inverno arredondava [...]"
Brevemente, o enredo. No seu 24º aniversário, Carla decide começar uma nova vida, cedendo aos avanços de Leo, o endinheirado amante da mãe. Leo manipula a família a seu bel-prazer, arrastando-a para a ruína financeira e não só. Michelle, o outro filho de Mariagrazia, resiste passivamente, enquanto se envolve com Lisa, a amiga da mãe e ex-amante de Leo. No fim, estala o verniz... ou talvez não.
Uma nota: Moravia escreveu Gli Indifferenti aos 22 anos de idade. Tinha 57 quando estreou a adaptação cinematográfica da sua primeira obra, com realização de Francesco Maselli e Claudia Cardinali à cabeça do elenco.




A. Zamperini

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Os Sons da Ausência

Título: O Músico Cego
Autor: Vladímir Korolenko
Editora: Arbor Litterae (chancela de Estrofes & Versos) - Março de 2010
Páginas: 272

Nem sempre é certo determinar que ritmo pauta a desmesura que habita a condição humana. A maldição do estrangeiro paira sempre sobre os mais verdejantes campos e cala o murmúrio do tempo, assombrando, em boa hora, a sua linearidade. Para entrarmos neste mundo, nesse labirinto eterno de incessantes desencontros, temos de reinventar o diálogo dos sentidos a cada instante, moldarmo-nos para nos criarmos. A cegueira mais não é do que o ponto de partida para essa fantástica epopeia da vida, que, apesar da penumbra da melancolia, ilumina o ser.


O Músico Cego é um livro fascinante, com uma escrita muito fluida, que encontra na simplicidade a magia que a literatura encerra ao meditar sobre questões fundamentais que, transmitidas por outros meios, perderiam a sua autenticidade. Através da história de Piotr, a personagem principal, que conhecemos desde o seu nascimento, quando entra no mundo da escuridão, e o acompanhamos ao longo do seu crescimento, o autor mostra-nos o poder de uma visão alternativa que, oculta pela ociosidade do olhar, perde a sua importância no mundo como o conhecemos. Julgado como uma criatura fraca e amputada, é criado num ambiente de protecção, sempre debaixo da asa da sua mãe e do seu tio, Maksim. Contudo, no reino das trevas, Piotr encontra outros contornos, navegando através da criação do seu próprio universo a partir dos sons. O frágil rapaz cego encontra no som de uma Ucrânia rural as raízes da sua origem, criando um mundo novo, contrariando todos os versos da sua danação e destruindo todas as barreiras impostas pelo paradigma da sociedade. A vontade pode destroçar o descontentamento.


Várias são as temáticas que percorrem as páginas deste livro, como a possibilidade de o amor poder crescer nos sítios mais inesperados, a maldição da cegueira na incapacitação do indivíduo, a ausência de pai, ou os limites do livre-arbítrio perante a predestinação divina. Mas aquela que mais me prendeu a esta leitura está relacionada com a música em si, com o seu poder de criar, de erigir mundos e encerrar em si segredos que não podem ser pronunciados. A música é retratada como um mecanismo de criação, uma linguagem que excede a técnica e que brota naturalmente da inexplicável e turva condição humana. Para lá das palavras, da reprodução de pautas antigas, da técnica mecânica, está o poder da interpretação, do renascimento. De facto, Piotr destaca-se dos outros músicos de conservatório, que conhecem todas as teorias e técnicas, por habitar, ele mesmo, o mundo dos sons, tornando-os seus. O músico cego encarna os sons, insuflando-os de vida, reinterpretando-os a cada instante, pois, esse sim, é o seu território. E das trevas emergiu a mais bela melodia.

K. Dalloway

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A Pirâmide Vermelha

O autor já é relativamente famoso no mundo da literatura juvenil para dispensar apresentações. A sua obra, no entanto, é conhecida apenas pelas aventuras de um demi-deus chamado Percy (Perseus) Jackson, e infelizmente, pelas péssimas adaptações cinematográficas em vez de pelas obras em papel. Rick Riordan é um daqueles autores que conheci primeiro na tela e depois nos livros. Mas posso afirmar que foi apenas depois de ler o primeiro livro da saga com deuses gregos que tomei carinho pelo seu estilo cómico e sagaz, algo que não transparece no ecrã.
Mas aqui toquei num pequeno ponto que me atrai para esta nova saga. Sim, leram bem, nova saga. Agora que Percy Jackson parece estar a transpôr a linha que divide o panteão grego e romano (que mencionarei num post mais tarde, sem dúvida), Riordan aproveita para trazer à luz um ainda mais antigo: o Egípcio.
A Pirâmide Vermelha é o primeiro livro de uma saga totalmente nova, no mesmo estilo que Percy Jackson e conta a história de dois irmãos e como estes se envolveram com uns dos mais antigos Deuses na história das religiões mediterrâneas para tentar salvar o pai... e evitarem serem mortos pelo caminho. Pelo caminho aprendem a trabalhar com esses deuses, conhecem novos e lutam para salvar o mundo. Uma história típica de literatura juvenil, mas não menos atraente que a da saga mais conhecida de Riordan.
Encontrei este livro quando andava a cuscar as prateleiras de literatura infanto-juvenil da Fnac do Chiado. Tinha acabado de ler O Último Olimpiano (ainda bem que li a versão em inglês porque o título traduzido não é dos meus favoritos) e, pensando que era o último livro da saga, não queria dizer adeus às histórias e ao autor, até porque como já devem ter percebido, não gostei nada do primeiro filme. Este chamou-me à atenção e o resto, como se costume dizer, é história. Mas é uma história que vale a pena ler.

Austen

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A Filha do Conspirador


             Título Original: Kingmaker's Daughter

          Autor: Philippa Gregory

Editora: Civilização Editora


Páginas: 496

Philippa Gregory está de volta com o quarto livro da saga «A Guerra dos Primos». Nesta obra a autora conta-nos a história de  Anne Neville e da sua irmã Isabel, filhas do Conde de Warwick, o nobre mais poderoso da Inglaterra durante a Guerra dos Primos. Na falta de um filho e herdeiro, Warwick usa cruelmente as duas jovens como peões, levando a sua família a vitórias e derrotas.

Ligada aos homens mais importantes do seu tempo, a herdeira mais rica de Inglaterra e uma das mais importantes da realeza, uma rainha esquecida, Anne Neville foi o peão numa troca de favores, alianças e ambições e conheceu a roda da fortuna pela qual todas as rainhas do seu tempo passaram. 
Esta obra segue, de um outro ponto de vista, a história de Isabel Woodville (A Rainha Branca) conferindo-lhe um carácter misterioso e até sombrio. Para não variar o estilo inconfundivel de Gregory leva o leitor a "devorar" o livro tonando assim reais as pessoas de outros tempos.



Winter