segunda-feira, 29 de abril de 2013

Resmungos de uma fã Irritada;




Sherrilyn Kenyon e Saída de Emergência

Existia uma fã satisfeita que descobriu esta série primeiro em Português assim que a Saída de Emergência lançou o primeiro volume. E então decidiu caçar os restantes que ainda se encontravam em Inglês, lendo-os enquanto aguardava pelas traduções. Sentiu-se bem e contente ao constatar que a série seguia a bom passo e respeitava o original, que a tradução não tentava esconder ou dobrar os termos que a autora utilizava no Inglês original. 

(Apesar da tradução ter optado por Daemon, aproximando-se do termo grego mais comummente referido, em vez do Daimon pluralizado, pela autora, em Daimons, uma outra fórmula de latinizar o termo. δαίμων – Daemon, Dæmon e Daimôn)

E então o oitavo volume foi lançado. E veio o seguinte… e o seguinte… e o seguinte… e o pequeno não de desapontamento cresceu até um gemido e depois um grito de horror ao ler a história de natal de Acheron e quando o irmão (Styxx, já referido por esse nome no terceiro volume editado pela Saída de Emergência) é referido como Estige… (como se não fosse mais que uma poça de água mitológica conectando ao submundo…) isso matou-me. (Dêem a minha moedinha a Caronte e avisem Hades que estou a caminho.)

Traduttore – Traditore. Correcto. Ainda ando aos saltos a ver se consigo tirar a faca que tenho espetada nas costas.

Sim, a minha língua materna é o português e sim, a tradução não é algo mau, uma vez que permite a leitura de livros que originalmente se encontram em línguas que não compreendemos. 

Por outro lado tentar adaptar os termos e nomes que o autor dá às suas personagens na minha opinião e espero que nas opiniões de outros, é um insulto para o autor e a sua língua materna. 

Há certas coisas que não se podem nem devem traduzir há outras que se devem manter e sendo estes livros uma série deveriam ao menos manter coerência interna… Mesmo o glossário publicado em “À Solta na Noite” contem erros de continuidade criados pela tradução.

O plural de Daemon não deve ser Daemones. Soa mal, provinciano e vai contra o «Daemon» sem plural (um Daemon, dois Daemon, demasiados Daemon) usados nos sete primeiros volumes da tradução. Outra opção será ceder à pluralização do original acrescentando um humilde s.

Cajun não são crioulos. É uma cultura crioula mas tem nome próprio. 

A companheira de casa de Tabitha é Marla e não Maria. 

Demónios Charonte porque Caronte é a personagem mitológica que leva as almas pelo estíge. (o rio não a personagem. Referido acima devido à minha morte por tradução.) Grafia semelhante nos nomes em inglês não exige tradução após pesquisa.

Valerius Magnus. Ele é Romano. Do Império. Nascido em 152 AC segundo biografia no site da autora. Não Magno nem Valério. 

Porque raio são os Blood Rites, Ritos de Sangue Azul? São referidos como de famílias de Escudeiros, quase nobreza, mas não há referências a Azul em lado nenhum e qualquer Escudeiro com capacidade mesmo não sendo de família pode aspirar à posição. Mais tarde no mesmo glossário na entrada Ritos de Sangue, o Azul desapareceu. Poof.

Parceiro do predador do homem? Longa palavra para Mate. E “Jogos na Noite” usa a versão Companheira.

Predador do homem Were-Hunters? Esta incomoda-me simplesmente por soar estranho mas não consigo arranjar melhor… Predadores Humanos talvez fosse a minha escolha.

Ponto a favor do glossário Styxx aparece como Styxx. Hurra.

Não vou queixar da tradução dos nomes do macarrão na “Sedução da Noite”. Aí encontraram a saída aportuguesada mas ainda dentro do não-intrusivo para boobaroni (penironi fica na mesma. É tudo o que vou dizer.) Os termos de mitologia grega mais abrangente e cuja grafia não foi alterada pela autora podem reverter à sua fórmula portuguesa sem qualquer quebra na história e com essa solução a minha mente vive bem.

O site da Autora: www.sherrilynkenyon.com

Todas as informações se encontram nele acerca de nomes, personagens, histórias, continuidades, armas, citações, combates, datas de nascimento… Por favor… Já bastam os males que sofremos devido ao Novo Acordo Ortográfico. Não tentem aportuguesar termos quando traduzem de um original independentemente da língua em que se encontra… 

Por agora acabei de me queixar. Pergunta rápida… as histórias curtas cujas personagens se encontram referidas no glossário vão ter uma tradução? E se sim mantêm o formato E-book grátis que se encontra no site da Saída de Emergência com “O Natal de um Predador da Noite”?

PS: Todos os volumes referidos são primeiras edições.

Sabine

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Em Busca do Compasso

Título: Dança, Dança, Dança
Autor: Haruki Murakami
Editora: Casa das Letras (Novembro de 2007)
Páginas: 480


Apesar de sermos, aparentemente, meros espectadores impotentes perante o fluir dos acontecimentos que marcam a passagem da vida, podemos sempre, inexplicavelmente, dançar, dançar, dançar e transformar o mundo através da liberdade de interpretação que a inconsciência desse mesmo movimento permite. Os acontecimentos que permeiam a vida estão aí, materializam-se e, por mais inesperados ou absurdos que sejam, existem para ser vividos. A única coisa que nos pode salvar de experienciar a nossa existência de forma passiva é acompanhá-la, reinterpretá-la aos nossos olhos, dançar.





Nas páginas de Dança, Dança, Dança voltamos a encontrar-nos com o personagem principal de Em busca do Carneiro Selvagem, um escritor freelancer¸ autodenominado de «limpa-neve cultural», que é contratado por um magnata para iniciar uma viagem metafísica na busca de um carneiro. Ao longo dessa epopeia, o nosso personagem sem nome perde-se da sua namorada, Kiki, uma misteriosa call girl com umas orelhas muito especiais. Esta nova aventura começa quando decide procurá-la e voltar ao Hotel Golfinho, local indicado por ela no livro anterior. Mas tudo muda, o tempo avança incessantemente e arrasa qualquer desejo de usufruto do presente, assim como o antigo e acolhedor hotel, que agora está transformado num grande empreendimento de luxo; o passado fora completamente apagado. Contudo, certas coisas deixam o seu rastro, uma determinada ambiência, portas entre mundos paralelos que desvelam caminhos alternativos (ou não estaríamos nós num romance de Murakami). É nesta brecha entre a realidade e o sonho que o nosso personagem se reencontra com o Homem Carneiro e trava amizade com Yumiyoshi, uma recepcionista que o envolve desde o princípio; conhece Yuki, uma rapariga de treze anos com uma sensibilidade especial e reencontra Gotanda, um antigo colega de escola que agora é um famoso actor dividido entre os papéis desempenhados e a sua própria personalidade. A partir destas personagens centrais, outras se juntam a este círculo misterioso, onde uma organização de prostituição de luxo está no epicentro do desaparecimento de algumas call girls, e tragédias inesperadas assolam a vida dos envolvidos, conscientemente ou não, nesta epopeia pela busca de Kiki.

O personagem principal já não se reconhece, tendo perdido fragmentos de si mesmo em acontecimentos passados que o desgastaram, por isso este romance centra-se num momento de fronteira; uma atitude tem de ser tomada e o único conselho dado pelo Homem Carneiro é: «dançar […] Enquanto houver música, deves continuar sempre a dançar. Não perguntes porquê.» É desta forma que Murakami dá forma ao sentimento de impotência perante a vida, aquele frio que nos percorre quando pensamos demasiado sobre os acontecimentos que mudam o rumo do expectável. Numa sociedade onde até a prestação de serviços sexuais pode ser considerada nos impostos, o absurdo adquire linhas ténues que se misturam com a realidade. Este mundo ao contrário não possui um caminho único, antes tendo prismas diferentes que, muitas vezes, se contradizem, criando um sentido de impossibilidade. Dança, Dança, Dança mostra-nos que essas irregularidades da realidade têm de ser abraçadas e vividas. A amizade entre um adulto e uma menina pode ser o caminho para que ambos se conheçam a si mesmos, o «eu» através do «outro»; assim como um maneta pode fazer as mais deliciosas sanduíches, também uma excêntrica fotógrafa pode captar a essência inerente à simplicidade de existir; o amor é possível, transforma-nos através de formas inesperadas e tem o poder de nos salvar. Temos é de saber reconhecê-lo, abraça-lo na sua forma mais pura, desprovida de raciocínio. Para tal, só temos de dançar.


K. Dalloway

segunda-feira, 22 de abril de 2013

E a banda continuou a tocar…



 

          Título Original: And the Band Played On…
  
   Autor:  Christopher Ward
  
         Editora: Civilização Editora

Páginas: 272


Na madrugada de 15 de Abril de 1012 o majestoso Titanic afundava-se enquanto Nearer, my God, to Thee entoava no vazio do Atlântico. Mil e quinhentos passageiros morreram, entre os quais Jock Hume (violinista), e todos os outros membros da banda.
Cem anos mais tarde Christopher Ward, neto de Jock Hume, escreve  a história da sua família e do impacto que a morte do violinista da banda teve nas duas famílias escocesas.
Para quem acha que este é mais um livro sobre o naufrágio do Titanic engana-se. O autor não faz nenhum relato sobre o que aconteceu. O livro divide-se em duas histórias: o que aconteceu após o naufrágio e como é que a família de Jock Hume ficou após a sua morte. O autor vai sempre intercalando as duas histórias.
Os relatos sobre o que aconteceu aos corpos das vítimas e de como, mesmo depois de mortas, a sua condição social continuava a ditar a forma como seriam tratadas: dos mil e quinhentos corpos só foram regatados 306, sendo que muitos deles eram de pessoas de primeira classe, outros tantos ( por não haver espaço no barco que ficou encarregue de trazer as vítimas) foram sepultados no mar. Após as vítimas chegarem ao porto era enviada uma carta da White Star aos familiares ( o papel continha o desenho do Titanic) a informar que o seu ente querido estava morto e que a família teria que pagar pelo transporte do corpo para este poder ser sepultado.
Jock Hume morreu com a sua banda no naufrágio deixando Mary, sua noiva, grávida na Escócia. Esta por não ser casada não tem direito a receber qualquer tipo de subsídio que a do Fundo que a White Star criou para apoio às famílias das vítimas do naufrágio. Mary envolve-se numa batalha legal para provar a paternidade do seu bebé e ganha o processo contra o pai de Jock, Andrew Hume professor de música, que tenta ganhar dinheiro à custa da morte do seu filho.
Um livro que mostra como uma acidente pode separar e destruir uma família inteira.

Winter


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