segunda-feira, 24 de junho de 2013

O Verde e o Amarelo

O Brasil ferve (em pouca água, segundo entende alguma imprensa iludida com o "milagre económico"). 
Num momento em que tantos caminham contra o vento, sem lenço nem documento, como diria Caetano, resolvi dedicar este bocadinho a uma introdução à literatura brasileira, ou melhor, à forma como a literatura brasileira me foi introduzida. Não foi em prosa, mas em verso. Nem pelos livros, mas sim pelas canções. O meu cicerone: Chico Buarque de Holanda.
Não obstante a sólida carreira como dramaturgo e romancista, de que se destacam títulos como Ópera do Malandro (1978), Budapeste (2003) ou Leite Derramado (2009), é na poesia que a obra de Chico Buarque encontrou e continua a encontrar o seu porto, numa voz cadenciada, quase frágil, irremediavelmente humana.
É de Buarque uma das mais belas canções (a mais bela letra, sem dúvida) da Música Popular Brasileira. 


"Construção"

Mas não nos fiquemos na construção.
A crítica a uma sociedade focada no capital e no indivíduo, a sensibilidade em encontrar o Outro feminino, a ponte entre o popular e o erudito - estas e outras dimensões emanam da obra de Buarque. Mais do que tudo, há esse dom em encontrar a universalidade do que é humano, de ser capaz de servir de mote a momentos da vida de cada um. 
Tudo parece mais elevado (e trágico também) na voz de Buarque. Até uma relação condenada ao fracasso. Vejamos...

1. Primeiro, a paixão.

 
"O meu amor"

2. O quotidiano instala-se e aborrece.

"Cotidiano"

3. Talvez seja melhor terminar tudo. Mas dói.


"Eu te amo"

4. E, finalmente, tudo acaba com a leve impressão de que já se vai tarde.

"Trocando em miúdos"

Trocando em miúdos, a literatura não está só nos livros. Também chega ao som do violão.

A. Zamperini 

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