quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

GPS, escovas de dentes e barcos à vela






Jonathan Coe, A Vida Privada de Maxwell Sim, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2012.
(The Terrible Privacy of Maxwell Sim, 2010)







Maxwell Sim é um falhado. A mulher deixou-o, a filha não lhe liga, o pai trata-o com indiferença, não tem amigos (excepto os 70 do Facebook), odeia o emprego. Quando tenta meter conversa com uma rapariga no avião, ela impinge-lhe o tio. Assaltado no meio da rua, acaba a dar orientações ao ladrão para a estação de metro mais próxima. Chega a casa depois de um mês fora e encontra a caixa de email cheia... de anúncios sobre disfunção eréctil. E como se não bastasse, Maxwell Sim é um chato. O tipo de sujeito que tentamos evitar no metro porque, de certezinha, entre o Campo Grande e o Saldanha nos irá contar toda a vida e, no Marquês, já estará a confessar que a mulher o traiu com o canalizador. 
Mas não nos esqueçamos de uma coisa: Maxwell Sim é, fundamentalmente um homem só.
Ao abrir o livro, deparamo-nos com uma notícia: "Vendedor encontrado nu no carro". Um carro abandonado na berma de uma auto-estrada com duas caixas de cartão cheias de escovas de dentes na mala - é esta a imagem. Ora, esse vendedor é Maxwell Sim. Como a nossa personagem foi encontrada naqueles preparos? Bem, assim se aguça a curiosidade do leitor e se faz com que não largue o livro até à última página - e que últimas páginas! Ajuda, e muito, a prosa escorreita de Jonathan Coe. Pessoalmente, li-o num fim-de-semana (note-se que ainda são mais de 300 páginas).
O que mais há para dizer? Enfim, vão começar a ver o GPS com outros olhos...
A. Zamperini

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