quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Bright Star

Bright star, would I were stedfast as thou art-
Not in lone splendour hung aloft the night
                               And watching, with eternal lids apart,
                              Like nature's patient, sleepless Eremite,
                             The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors-
No-yet still stedfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever-or else swoon to death. 
«Bright Star», de John Keats 

Não é só a cadência dos versos deste poema que tomaram de sobressalto a minha atenção. Não foi a sua beleza evidente, nem a trágica história da busca do amor eterno implícita no seu intuito. Também não foi a atmosfera imagética em que nos submerge a cada estalido produzido por cada palavra, cada pontuação. Antes, prefiro pensar que aquilo que tanto me tem vindo a cativar ao longo dos anos nestas palavras é o seu fundo de verdade, a ânsia pela incerteza, que se equilibra no instante entre os extremos da vida e da morte. O desejo de imortalidade cessado pela voluptuosidade do momento, pela fome voraz do instante. O que começa por ser uma súplica à magnitude do universo, uma busca pela plenitude da constância da Natureza, eterna guardiã, vigilante do tumultuoso mundo humano, acaba por ser uma fuga da razão, uma escolha pelo frémito da tempestade causada pela mais intensa evidência: no eterno o instante não respira.

Este poema tem vindo a inquietar mentes ao longo dos tempos, tendo dado origem a um filme que vai prender qualquer amante de Keats, do primeiro instante até ao último suspiro:


K, Dalloway

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