Título: The
Conan Chronicles
Autor: Robert E.
Howard
Editora: Orion
Publishing Group
Aviso:
A fantasia não é
um género em que todos concordem com a mesma fórmula;
Tolkien
e o Senhor dos Anéis são vistos como o que de mais sagrado existe na cultura do
High Fantasy e da literatura fantástica. E para muitos nos círculos do que é
fantástico dizer que não se gosta ou algo de mau acerca da obra de J.R. Tolkien
é um sacrilégio de proporções inimagináveis. Pois aqui vem a blasfémia. Tolkien
é chato. Aborrecido. Demasiado focado em criar a história da Terra Média para
criar personagens mais cheias. Tudo em Tolkien revolve em redor do MUNDO, da
HISTÓRIA, da TERRA MÉDIA, digamos da antropologia e sociologia da fantasia. Vou
mais longe no meu pontapé à relíquia e afirmo que os filmes me fazem acreditar
e ter mais interesse nas personagens do que os livros. Geralmente não ocorre
alguém afirmar que prefere o filme…
Mitigando
as afirmações anteriores encontra-se o facto de ter a noção de que adoro os
filmes porque tenho as informações do mundo que os livros me transmitiram. Por
outro lado isto relega os livros a “manuais de turista”. O efeito que Tolkien
exerceu na fantasia foi tal que muitos autores sentem a necessidade de começar
o seu trabalho na área do fantástico com um mundo já cheio em que todos os
detalhes do passado já devem estar escritos e cimentados, que devem existir
línguas e canções. Para um mundo rico esses elementos devem "existir", ser
mencionados masmo que não se tenham criado na realidade tangível, mas em Tolkien dominam e afogam tudo ao ponto de se tornar tedioso.
Há
manchas deste tédio também em George R. R. Martin mas diluídas em personagens
complexas, acção intensa e interessante, intrigas complexas. Simplesmente há
uma pequena tendência para, de quando em quando, se perder a falar do mundo. Compreensível
mas o que queremos saber é quem morre a seguir.
Na
fantasia, opinião de Sabine, quem governa a acção, a história interessante, um
mundo rico pintado com pinceladas largas, rápidas e brilhantes, abrangendo o
horizonte ou mencionando o detalhe pertinente, que nos deixam interessados e a adivinhar
é Robert E. Howard, mais especificamente nas pequenas histórias que relatam as
viagens e aventuras de Conan o Bárbaro. O foco encontra-se no bárbaro que viaja
como mercenário através da civilização, na sua reacção às intrigas e como
escapa de batalhas, armadilhas, feitiçaria, monstros e governos. Livra-se do
peso do mundo, focando-se apenas em si, nas suas necessidades e sede de
aventura.
Não
tem uma demanda para lá do combate e liberdade.
Não
tem uma lealdade que não a si próprio o que não o impede de agir quando crê que
algo se encontra errado. Ou lhe pagam o suficiente para se importar.
Acompanhamo-lo
ao longo do tempo e guerra, da história em que o adolescente primeiro sai da
Ciméria e entra em Zamora, na cidade dos ladrões, até ao momento em que através
da espada domina o mundo. Bárbaro, ladrão, rei, conquistador…
A
imagem de Conan é icónica hoje em dia e ironicamente completamente desfasada da
personagem original. Na verdade a única instância em que ele se encontra de
tanga nas histórias que Robert E. Howard escreveu, é exactamente em The Tower
of the Elephant, a sua chegada a terras civilizadas. Nas histórias que se
seguem adopta as armas e armaduras que mais lhe convêm. O mundo de Conan, a
Hyborian Age, tem a sua própria história, uma forma de contar como se chegou àquela
era, uma amálgama das culturas místicas e reais da história do mundo,
mencionando desde Atlântida e Lemúria aos Pictos e Nords (vikings). E mesmo no
conto das História do Mundo, onde tantos se perdem na vastidão, o sabor da
acção e conflicto, do movimento e energia transparecem. Mas, sublinho, a
História da Era Hyboriana é uma história em separado. Não a ler não prejudica a
nossa visão do mundo de Conan. Não há uma necessidade do passado para se
compreender o presente e quando a há é mencionada. Uma linha que refere que os
Atlantes desapareceram. Que os Lemurianos regrediram. Que a magia tem grandes
raízes em Shem. Por vezes não é preciso muito mais para se ver.
Larguem
os preconceitos sobre o ícone e descubram o verdadeiro bárbaro como foi
descrito por Robert E. Howard.
Sabine
Sem comentários:
Enviar um comentário