A mais famosa (para não dizer celebre e irritar muita gente)
rainha de França tem vindo a ser demonizada desde que casou com Luís XVI.
Comentários como “Que comam croissants” - que se diz ser a resposta que deu quando o povo gritava que não tinha pão às portas do palácio - tornaram-se
mantras nos livros de história que retratam uma época revolucionária, tanto a nível
europeu como americano, independentemente da sua veracidade.
Mas Carolly Erickson agarra a rainha caída em desgraça e dá-lhe,
nas páginas de um diário secreto fictício, uma nova voz. A rainha que perdeu
literalmente a cabeça renasce, como que a fénix das cinzas, de um passado obscuro para a
luz do mundo leitor actual numa obra que a retrata como uma mulher que lutou contra a
discriminação contra a sua nação de origem, as intrigas de uma corte mesquinha
e hipócrita estagnada repleta de exageros, infidelidades e insensatez, e da
melhor forma que podia tendo em conta as suas circunstâncias, contra o completo
desabar do povo de França.
O Diário Secreto de Maria Antonieta inicia a história da
rainha, então princesa, com a morte da sua irmã e a decisão da sua mãe, a Imperatriz da Áustria, que
selou o seu destino. É uma obra maravilhosa, recheada de factos históricos e obscuros. Dá-nos também um espelho da vida na corte francesa do
século XVIII, uma vida cheia de comédia, frustrações, dramatismo e infelicidades,
tudo do ponto de vista da rainha. A História é escrita pelos vencedores, nunca
pelos vencidos. Mas ao darmos uma oportunidade de falar aos vencidos, somos
surpreendidos com quantas vezes estes nos abrem os olhos para novos pontos de
vista. E O Diário Secreto de Maria Antonieta é um exemplo flagrante do velho ditado que, tendo em conta a sua natureza não deixa de ser irónico: Nunca se deve julgar um livro pela capa.
Austen
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