Título: O Ladrão da
Tempestade
Autor: Chris Wooding
Editora: Editorial
Presença,
Colecção Via Láctea, nº 70, Fevereiro de
2009
Tradução: Miguel Romeira
Aviso:
A união de
várias frases e pistas são suficiente para nos deixar bastante enojados com a
possibilidade de a humanidade ser de facto capaz de executar tal visão. E estou
a falar de náuseas.
Em relação à
comida…
Como ver o
Sweeney Todd e olhar de lado para empadas durante uma semana.
A
cidade-ilha de Orokos foi criada sob a bandeira de a utopia justifica os meios.
O
Protectorado criou a cidade com o objectivo de produzir uma sociedade perfeita.
Considerando o tema deste mês escusado será dizer que falharam miseravelmente.
A tecnologia que suporta a cidade falhou, criando as Tempestades de Probabilidade,
um fenómeno que consegue distorcer a própria realidade, criando aberrações e
caos. Mas as tempestades são apenas um sinal de falha técnica. Todo o livro
poderia ser apenas um cenário pós-apocalíptico se a Tempestade fosse o único
problema com que o mundo/cidade se depara.
O
que cria a distopia é todo o sistema de Orokos:
·
O
governo totalitário encimado por um homem sem rosto cuja propaganda proclama
imortal;
·
Onde
nem mesmo as classes sociais elevadas (geralmente imunes ou a origem de todo o
problema na maior parte das ficções distópicas) conseguem manter a sua
liberdade perante o Protectorado. A cada ano que passa perdem mais terreno,
direitos e privilégios; E as tempestades não poupam ninguém;
·
Os
níveis inferiores são favelas onde os seus habitantes são tatuados como animais
para facilmente serem identificados como criminoso (desde nascença);
·
É-lhes
negada qualquer possibilidade de ter emprego ou conseguir ascender socialmente
pelo que realmente não têm outra hipótese a não ser tornar-se criminosos;
·
Qualquer
habitante das favelas pode ser levado quando os guardas assim o acham para
simplesmente desaparecerem; (e o que lhes acontece… bleh. Mas é para o bem da cidade. O protectorado cuida até dos seus
criminosos.)
·
As
aberrações criadas pelas tempestades e a própria tempestade não poupam ninguém.
Por outro lado a propaganda mostra “O Ladrão da Tempestade” como uma forma de
controlo criada pelo Protectorado; As aberrações são empurradas para as favelas
onde quem morre não tem interesse;
·
E
para aqueles que tentam fugir há sentinelas, robots armados com serras, que
matam sem questão qualquer um que tente aventurar-se pelo mar, para lá das
fronteiras, para um mundo que ninguém sabe se existe. O Protectorado diz que
não. Não há nada para além de Orokos e mar.
Tudo
o que o Protectorado faz é para vosso bem.
Rail
e Moa, dois adolescentes das favelas empregados por uma das líderes de gangues
da sua área encontram um artefacto da era antes de Orokos e um golem (robot de
natureza mágica/cientifica arquitectado para ser o soldado perfeito) que possui
um pássaro morto, que se perdeu e alcançou a cidade, morto pelas sentinelas, uma prova de que existe realmente algo para lá do mar. E
Moa decide que tem de haver algo para lá da cidade, daquela vida, arrastando Rail na sua busca por liberdade.
A
história revolve dos que tentam escapar, perseguidos por causa do
artefacto, uma vez que a presença dos robots nas fronteiras mantêm uma atitude
de indiferença para com aqueles que tentam sair (tradução: menos bocas para
alimentar), e do Protectorado que luta por manter a ordem na cidade cada vez mais
quebrada e caótica.
Há
um facto interessante acerca desta distopia.
Quando
a história decorre ninguém acredita que seja uma utopia, nem mesmo o Protectorado
que preserva os valores que fundaram Orokos e os mantem a todo o custo. Na sua perspectiva é apenas
a única maneira de sobreviver e, quem sabe, assim que conseguirem eliminar as
tempestades e as ratazanas nos níveis inferiores talvez se consiga finalmente
tornar aquilo que era suposto.
Sabine
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