terça-feira, 15 de abril de 2014

Livros Temáticos: Religião

Costumamos dizer que há três temas que nunca se devem mencionar em conversa se a queremos manter civilizada: Desporto, Política e Religião. No geral, e mesmo por experiência própria infelizmente, aceito-o como facto. No entanto, uma discussãozinha de quando em vez nunca fez mal a ninguém, nem que sirva apenas para abrir novos horizontes nas mentes humanas. Mas não se assustem, não escrevo este post para falar sobre ideologias e essas tretas. Tais temas são para blogs especializados na área e eu, apesar de tudo sou muito leiga nesse assunto. Mas a literatura relacionada não deixa de ser fascinante para qualquer investigador ou leitor, tenha este fé ou não. O que me leva à razão pela qual estão a ler este post.
No outro dia estava a passar na rua com um livro do Gerald Gardner aberto a meio e passei pelo El Corte Inglês. Quem já lá entrou sabe que por baixo da subcave estão os CD, DVD, papelaria e livraria. Decidi, como não tinha mais nada para fazer nesse dia, entrar por uns minutos e ver se encontrava alguma coisa de interessante. Passei na banca da Religião e deparei-me com uma prateleira só com Bíblias. Até aí não há assim nada de especial, mas o que me chamou à atenção foi o facto de estarem expostas não só as tradicionais A5 com o papel frágil que conhecemos e capa dura com fontes floreadas a dourado que vemos nas igrejas ou mesmo em casa dos nossos avós (a minha tem pelo menos 3 ou 4, vai-se lá saber porquê). Vi Bíblias A4 com capa mole e cores florescentes em padrões psicadélicos, pequeninas quase A6 com capas protectoras exageradamente grossas e com páginas largas e muitos outros tipos.
Depois deste primeiro choque abri uma e folheei-a (só porque não sou Católica, não quer dizer que não considere o livro interessante), só para confirmar que o texto não tinha sido alterado. Mas foi aí que me caiu a ficha e olhei para a coluna. Pressupostamente, e a meu ver, a secção da Religião deveria englobar os livros das várias religiões a nível mundial, mas à parte de livros sobre o Cristianismo pouco mais se expõe nas suas prateleiras designadas. Actualmente temos conhecimento da existência de várias religiões em vigor. Das monoteístas que conheço temos o Catolicismo, o Luteranismo, Anglicanismo, Cristianismo Ortodoxo, Judaísmo e Islamismo. Temos as Politeístas como o Hinduísmo e Xintoísmo e as Pagãs (Neo-Pagãs e Esotéricas) como o Druidismo, Celtismo, Wicca e Xamanismo. Sobre estas últimas, não esperava de todo que houve alguma coisa na secção da Religião. O pouco que se consegue encontrar estará sempre concentrado na secção do Esoterismo. Mas esperava ao menos, a par da Bíblia Cristã, se conseguisse encontrar também o Alcorão, ou mesmo o Talmud. O, pelo menos, livros que falassem sobre eles. Mas não, parece que a Sociedade se esqueceu que a função dos livros é instruir, seja através da ficção ou não, tal como parece ter-se esquecido que Yeshua (sim, este é o nome verdadeiro de Jesus) era Judeu.
Contudo, temos que ser sinceros, os ataques terroristas que o mundo (especialmente a América) sofreu desde o início do segundo milénio não ajudaram em nada a melhorar a fama do Islamismo no mundo em geral, e o Judaísmo, por alguma razão que ainda não percebi muito bem, não é bem visto desde antes mesmo da instituição do Cristianismo, para mal dos Judeus, infelizmente. Do Xintoísmo muito pouco se sabe e o Hinduísmo não parece muito atraente aos olhos ocidentais. De todas as religiões não Cristãs, a que parece estar mais livre de preconceito é o Budismo, e mesmo assim é porque é principalmente considerado uma filosofia de vida.
As crenças das pessoas, penso eu, são da responsabilidade de cada indivíduo, e não quero de forma alguma afirmar que uma Religião é melhor que a outra, até porque não acredito em tal disparate. Mas a questão aqui é: Será que devido ao preconceito social deveremos sacrificar a Literatura Litúrgica de todas as religiões? Não teremos nós o direito de saber o que existe para além dos quatro evangelistas? Ou será que a aquisição de conhecimento deixa de ser sacrossanta se não for ao encontro dos ideais religiosos em vigor?

Austen


sexta-feira, 14 de março de 2014

Tiro ao alvo

Don DeLillo, Libra, Lisboa, 
Sextante Editora, 2013.




"Ele e Kennedy eram parceiros. A figura do atirador à janela era inextricável da vítima e da sua história. Isto dava alento a Oswald na sua cela. Dava-lhe aquilo de que necessitava para viver."







A memória de John F. Kennedy parece indissociável de uma imagem que tantas vezes passou pelos nossos olhos: o descapotável azul escuro a acelerar numa rua em Dallas, a cabeça do presidente tombada, manchando o tailleur rosa de Jackie. Quando nos lembramos de JFK, lembramo-nos de Lee Harvey Oswald. Dois homens tão díspares que as circunstâncias juntaram lado a lado na memória colectiva.
Mas troquemos a palavra "circunstância" por "destino". Oswald era do signo Balança - em inglês, Libra, título escolhido por Don DeLillo para o romance publicado em 1988 que (re)conta toda a história, catapultando o (alegado) assassino para o protagonismo da narrativa. Atenção aos parênteses. Porque, como romance que é, não tem pretensões de apresentar um relato exacto dos acontecimentos, embora seja de louvar o apurado trabalho de DeLillo no apuramento dos factos e na atenção ao pormenor. O "alegado" é o cerne do enredo. Ou não fosse a morte do presidente Kennedy uma das fontes mais profícuas de teorias da conspiração de toda a história da Humanidade. Lee Harvey Oswald não matou JFK. Isso não é uma novidade nem para os iniciados nessas andanças de ver sempre algo mais no "algo menos" que é contado. Ora, DeLillo lança mais umas achas para a fogueira: CIA, Cuba, um inside jobNada que já não tivesse passado pela cabeça de qualquer bom teórico da conspiração. E Lee Harvey Oswald? No fundo, pouco mais é do que um peão no rumo dos acontecimentos, daqueles que fazem xeque-mate ao rei que acaba comido pelo próprio cavalo. Mas não é o "grande acontecimento" que atrai o olhar de DeLillo. Nem sequer o rei. Libra aproxima a lente do peão. E nós agradecemos.
O autor acompanha Oswald desde a adolescência até ao momento em que tomba atingido pelo tiro da .38 de Jack Ruby - um outro peão neste xadrez. Oswald é o dissidente, o que "traiu o país" ao cair de amores por Marx, pela URSS e por uma pobre rapariga russa. Oswald era o comunista - o arquétipo do inimigo número um nos USA dos anos 60, com Castro e Cuba a ensombrar o sonho americano. Mas não é esse o Oswald que DeLillo quer contar. Ele olha para o homem.
"Estamos a falar de um rapaz que jogava Monopólio com os irmãos, os professores nunca notaram nada de especial no tempo em que morávamos com Mr. Ekdahl, na Oitava Avenida, lá em Forth Worth. [...] Desde pequeno que gostava imenso de histórias e de mapas, tal como eu já lhe expliquei. Sabe coisas espantosas sem as ter aprendido na escola. Dormiu na minha cama por falta de espaço até perto dos onze anos, e temos vivido os dois em quartinhos minúsculos e acanhados enquanto os irmãos estavam no orfanato ou na academia militar ou nos Marines e na Guarda Costeira."
No passado mês de Novembro, 50 anos após a morte de John F. Kennedy, Don DeLillo esteve em Portugal para uma sessão de leitura promovida pelo Lisbon & Estoril Film Fest. Nessa noite, numa voz insegura, quase frágil, DeLillo contou que chegou a viver a poucos quarteirões da casa onde Oswald passou a infância sem nunca o ter sabido até bem depois de 1963. Circunstâncias. Ou destino, quem sabe.
A. Zamperini  

segunda-feira, 10 de março de 2014

Brancas

Venho por este meio apresentar as minhas mais sinceras desculpas. É desta forma que a lei não-escrita da formalidade nos exige que comecemos quando redigimos um pedido de desculpa. Ou pelo menos foi assim que me ensinaram. Mas não é que a situação exija necessariamente o perdão dos leitores deste blog ou das minhas irmãs. Não é como se tivesse feito algo de errado, cometido um crime contra a humanidade por assim dizer. Não fiz nada que justifique na verdade tanta formalidade de expressão exceto que, na verdade, a minha própria consciência assim o dite. Sim, consciência. O 'inquilino', como diria a Mafalda do Quino, a quem cada um de nós aluga um espacinho no coração. E porque o 'inquilino' assim o exige, apresento as minhas desculpas a todos pela minha falta de pontualidade em colocar os meus posts.
Penso não ser a única a quem as 'brancas' surgem do nada. Qualquer aluno que se preze já se queixou de brancas durante os testes aos seus pais e professores. O escritores têm 'brancas'. E, infelizmente para nós, elas surgem a toda a hora. No meu caso, o meu cérebro tratou de empenar as minhas mãos desde o Entrudo e ainda não as libertou. Não é que não tenha lido desde então. A minha lista de leituras continua a ser proporcional à minha lista de livros lidos. Mas por alguma razão, falta a inspiração (perdoem-me a rima). A poesia nunca me atraiu, mas mesmo o chamado dos meus amados clássicos parecem mudas. Os intitulados (não sei por quem) best sellers não têm o mesmo atrativo que tinham meses atrás e restam-me apenas os livros que pretendem filosofar sobre questões do dia-a-dia. Mas, e vou ser sincera, acho que a população mundial já pensa, remói e filosofa o suficiente sobre o mundo atual para ter paciência para ler sobre o livros que falam do mesmo. Têm total liberdade para pensar o contrário, claro.
Na falta de livros para criticar e de temas sobre livros sobre os quais escrever, a falta de tema surge como um tema adequado para debater. É um mal do qual todos sofrem, que não tem cura (descoberta), e que influencia o nosso desempenho. Mas, uma vez que muitas vezes afectar também a data em que começo e acabo de escrever, sinto que devo pedir desculpa. Afinal, sejam elas brancas, azuis, vermelhas ou pretas, tenho a fama da minha homónima para manter.

Austen


domingo, 2 de março de 2014

Deliberado Vs. Acidental



As personagens são importantes numa história. São a quilo que a move, que nos faz ligar a elas e que nos deixam viver naquele mundo. Algumas são escritas de forma a serem irritantes como parte da história, da sua personalidade, do seu crescimento. Outras simplesmente caem nessa categoria quando o autor as tenta manter fechadas numa caracterização sem nos dar qualquer justificação ou sugestão que permita ao leitor compreender.
Vou usar dois exemplos que encontrei nas minhas leituras e entretenimento:

Yukine da manga (e recente adaptação para anime) Noragami (ノラガ), série de Adachitoka, publicada pela Kodansha;

E
Calédra do volume 95 da colecção Via Láctea O Regresso dos Deuses: Rebelião por Pedro Ventura;

Yukine: O espírito de um jovem morto, encontrado ainda sem se encontrar corrompido nas ruas cheias de espíritos maléficos que levam humanos ao desespero. Estes espíritos são combatidos pelos deuses com armas sagradas hamadas Shinki. Yato, um antigo Deus da Guerra que recentemente perdeu o seu Shinki (ela despediu-se), escolhe-o para se tornar o seu novo Shinki.
O que o traz, de certa forma de volta à “vida”, com idade e aparência com que tinha morrido mas agora possuindo poderes especiais para combater monstros/evil spirits/ phantom/ Ayakashi. Nesta situação eu andaria pular de alegria. Viver para sempre, combater monstros, magia, deuses…
Mas a personagem foi escrita para no início ser uma peça disruptiva, cheio de ressentimento, desejando a vida que nunca teve, roubando e magoando outros sem remorsos, sem mostrar respeito ou gratidão quando deparado com actos de bondade para com ele, que feitos por Yato (que geralmente disfarça sob uma fachada arrogante) ou Hiyori (uma rapariga meio-ayakashi que tenta voltar ao normal, ajudando o par).
Foi feito para que ao mesmo tempo que compreendemos de onde as suas acções derivam, desejo de vida, amigos, de pequenas coisas humanas, não conseguimos manter grande simpatia porque tanto Yato com Hiyori e onde se encontra lhe oferecem os seus desejos se ele simplesmente aceitasse que mudou. Estas acções negativas por sua vez afectam Yato quase ao ponto de o matar.
Yukine foi feito para ser desagradável ao início, abrasivo, deliberadamente escrito como um alvo. Mas também foi feito para que a personagem pudesse crescer e para que os leitores pudessem ver para além das acções egoístas. Os leitores sabem o que se passa de ambos os lados. E Yukine por fim cresce ao admitir o que fez mal e ao se aperceber das possibilidades que o novo mundo lhe oferece. Como Shinki tem uma vida.

Calédra descrita como bela guerreira de uma raça que se acredita superior, um peixe fora de água temporal, antiga rainha, passado obscuro Portadora da Luz, destinada a salvar o mundo… MARY SUE ALERT (http://tvtropes.org/pmwiki/pmwiki.php/Main/MarySue)

 (E tudo isto tirado apenas da parte de trás do livro, da sinopse. O que me levou a comprá-lo? É parte da colecção da Presença de literatura fantástica que até aquele momento pouco ou nada me desapontara. Em 95 livros não gostei de alguns mas sabia que estavam bem escritos e haviam sido lidos com interesse. Apenas os terminei e disse "bem... não é exactamente o que gosto". E ainda assim prenderam-me. Surpreendi-me com outros. Mas nenhum foi doloroso a este ponto [ver parágrafo seguinte]) ;

Vou dizer o seguinte. Estou há quase três anos a tentar acabar este livro. Como personagem principal Calédra é-me de tal forma insípida…

Ela aparece com alguém frio e distante, o que seria compreensível na situação. Mas a caracterização é constante sem nenhum indício de que haja algo mais por trás e quaisquer pistas são de imediato caladas pela atitude da personagem ao longo de 390 páginas nem há qualquer indício de evolução e descongelamento. Sempre a bela guerreira que estoicamente vai salvar o mundo. Não se encontram os pontos que fariam o leitor conectar com ela. Não se encontram os pontos que fariam os soldados “amar” o seu general/rainha. Tudo o que o autor descreve sobre ela é apenas “habilidades informadas”. Vemos acções e combates. Mas aquilo que se relaciona com a personalidade de Calédra é apena dito pelas descrições. As acções não reflectem que o autor diz que ela é.
Há personagens que são calados e estóicos. O autor tentou dar-lhe esse arquétipo. Mas esqueceu que toda a vida interior que esses percentagens possuem, que deve ser vista pelos leitores e subtilmente indicada pelas acções na história. Tentou encerrar-se e tornou a personagem numa imagem de perfeição estática e tediosa.

Há personagens que se encontram já ‘congelados’ numa forma estática e final. Mas desses se conhecermos o seu passado e se forem, de certa forma, secundários à trama, o que se compreende dessa forma de estar estática é que já amadureceram, cresceram, sabem aquilo que desejam e precisam. Mas isso é mostrado para além de descrito.


Se querem uma rainha olhem para Daenerys Targaryen;
Se querem uma guerreira olhem para Dangeruese St. Richard ou Katniss Everdeen;
Se querem personagens femininas poderosas mas de diferentes personalidades e capacidades procurem Erza Scarlet (http://www.youtube.com/watch?v=GcUplzOOMRE) e Mirajane Strauss (http://www.youtube.com/watch?v=6cJxm8EBsto) da anime/manga Fairy Tail.

Sabine

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Bright Star

Bright star, would I were stedfast as thou art-
Not in lone splendour hung aloft the night
                               And watching, with eternal lids apart,
                              Like nature's patient, sleepless Eremite,
                             The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors-
No-yet still stedfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever-or else swoon to death. 
«Bright Star», de John Keats 

Não é só a cadência dos versos deste poema que tomaram de sobressalto a minha atenção. Não foi a sua beleza evidente, nem a trágica história da busca do amor eterno implícita no seu intuito. Também não foi a atmosfera imagética em que nos submerge a cada estalido produzido por cada palavra, cada pontuação. Antes, prefiro pensar que aquilo que tanto me tem vindo a cativar ao longo dos anos nestas palavras é o seu fundo de verdade, a ânsia pela incerteza, que se equilibra no instante entre os extremos da vida e da morte. O desejo de imortalidade cessado pela voluptuosidade do momento, pela fome voraz do instante. O que começa por ser uma súplica à magnitude do universo, uma busca pela plenitude da constância da Natureza, eterna guardiã, vigilante do tumultuoso mundo humano, acaba por ser uma fuga da razão, uma escolha pelo frémito da tempestade causada pela mais intensa evidência: no eterno o instante não respira.

Este poema tem vindo a inquietar mentes ao longo dos tempos, tendo dado origem a um filme que vai prender qualquer amante de Keats, do primeiro instante até ao último suspiro:


K, Dalloway

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O fogo que arde sem se ver


Fevereiro está a chegar ao fim e continuo a tentar exacerbar o meu lado mais romântico. Eu, que na alma trago a calma, a calma de um jazigo (desculpe-me Sr. Garrett), não vou lá com a seca prosa. Tentarei, então, a poesia e deixar-me-ei levar por um peso pesado. Camões.
Não vou enveredar pela epopeia. Até porque a Ilha dos Amores parece ser mais inspiradora para corações (ou mais abaixo) masculinos. Fiquemo-nos pela lírica camoniana.
Dirigindo-me, em particular, às caras leitoras, proponho uma outra perspectiva, bem pouco literária. Daria uma voltinha com Luís Vaz?

Que de tanta estranheza sois ao mundo
Que não d'estranhar, Dama excelente,
Quem vos fez, fizesse Céu e estrelas.

É questão para dizer: Rapazes, homens, trolhas, aprendei!

Quem vê senhora, claro e manifesto
o lindo ser de vossos olhos belos, 
Se não perder a vista só de vê-los,
Já não paga o que deve a vosso gesto.

Nada como um homem com bom sentido de auto-ironia. Afinal, quem precisa de dois olhos? Não é como os rins?...

Verdes são os campos
Da cor do limão,
Assim são olhos
Do meu coração.

Está bem! Não abusemos. Ou melhor, não batamos mais no ceguinho...

Se tanta pena tenho merecida
Em pago de sofrer tantas durezas,
Provai, Senhora, em mim vossas cruezas,
Que aqui tendes uma alma oferecida.

Nela experimentai, se sois servida,
Desprezo, desfavores e asperezas,
Que mores sofrimentos e firmezas
Sustentarei na guerra desta vida.

Eis um registo que agrada a alguns (e até vende bastantes livros). Luís, o cativo. Tê-la-ia cativa?

Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio,
O mundo todo abarco, e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto:
Da alma um foge me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio;
Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao céu voando;
Num'hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar um'hora.

Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.

Pessoalmente, talvez...
A. Zamperini

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A vida louca dos reis e rainhas de Portugal



Título Original: A vida louca dos reis e rainhas de Portugal
         
Autor: Vários Autores
       
Editora: Marcador
   
 Páginas: 240








  O livro A vida louca dos reis e rainhas de Portugal foi apresentado como tendo um conteúdo inédito de "cusquices" e informações variadas sobre as personagens da corte real portuguesa. A compra deste livro foi baseada numa mentira pois ao lê-lo percebi que a maior parte daquelas informações não eram novidade nenhuma (para mim) e algumas das curiosidades estão disponíveis online. O livro fala sobre a vida privada de cada monarca ao longo da história o problema é que não vai para além disso, ou seja, o que foi escrito é o que é conhecido, pode acrescentar um pormenor ou outro aqui e ali mas em suma não traz ao leitor nada de novo e interessante para contar.

Esta obra lembra um filme de comédia em que o espetador percebe que a piada do filme estava toda concentrada no trailer, pois bem caro leitor neste livro as curiosidades estão todas na contracapa.

Boa leitura!







                                                            Winter